FESTA EM BRAGANÇA: HÁ 31 ANOS BRAGANTINO CONQUISTAVA O TÍTULO PAULISTA

A CIDADE SE ALIOU E TODOS OS CAMINHOS LEVAVAM AO ESTÁDIO MARCELO STEFANI, NAQUELE DOMINGO (26/08)

Transcrevo neste post a matéria feita por Léo Lengi, estagiário do ge, sob a supervisão de Filipe Rodrigues, há pouco mais de um ano, mais precisamente no dia 18/08/2020, onde relato a experiência viviva nos jogos finais do Paulistão de 1990:


Assim como muitos, sinceramente, eu não esperava que o Bragantino, o time que aprendi a admirar e a torcer, incentivado pelo meu pai (Sr. Felippe de Loredo Netto, que há pouco mais de dois anos - agora três anos - nos deixou) que me levava ao estádio desde os meus 11 anos de idade, pudesse um dia ser Campeão Paulista da Série A1.

A temporada de 1989 e o acesso para a Série A do Brasileiro ainda não eram suficientes para que eu viesse a acreditar no título estadual.

É verdade que o time era muito bom, o então desconhecido técnico Vanderlei Luxemburgo estava cheio de vontade para vencer na carreira, mesmo assim, eu ainda não acreditava.

A cidade estava empolgada pelo bom futebol que aquele time apresentava, mas longe de se imaginar nas primeiras rodadas do Paulistão que aquela equipe chegasse à decisão.

No entanto, tal feito também não foi por acaso. Os resultados conquistados foram, pouco a pouco, credenciando o time.

Me lembro de uma sequência de resultados negativos ainda na primeira fase. Foram três derrotas consecutivas (América de São José do Rio Preto, Ituano e Catanduvense) e o treinador passou a ser muito questionado e esteve com o seu cargo ameaçado.

A manutenção da comissão técnica mostrou que a diretoria do clube tinha razão. Os resultados positivos voltaram. As oscilações foram menores e a classificação para a terceira fase aconteceu de forma natural e tranquila.

Aí tivemos uma parada para a disputa da Copa do Mundo e a dúvida ficou no ar: Esta paralisação será boa ou ruim para o Bragantino? A grande mídia apontava o Massa Bruta como um verdadeiro ‘cavalo paraguaio’ (não acreditavam que o time teria força e gás para chegar à frente de mais uma fase da competição, no caso a última, decisiva e mais difícil).

Eram sete equipes onde apenas uma se classificaria para a final. No grupo do Bragantino estavam Corinthians e Santos.

A cidade se aliou, todos os jogos tinham a presença maciça do torcedor, e a partir daí o sonho do título parece ter ficado mais próximo da realidade.

Foram 12 jogos (turno e returno) e o Braga sofreu apenas uma derrota (1 a 0 para o Santos, na Vila Belmiro, jogo que marcou a despedida de Luís Müller, negociado por empréstimo com o futebol japonês). 

João Santos foi contratado para substituir o até então artilheiro da equipe no Paulistão, ao lado de Mazinho. Alguns torcedores chegaram a ficar temerosos com o empréstimo de Müller, achando que a diretoria iniciava um desmanche no grupo, desvinculando-se da ideia de conquistar o campeonato, que parecia ser mais real do que apenas um sonho.

Destes 12 jogos, dois deles foram mais emocionantes, a vitória contra o Santos, em casa, e o empate com o Corinthians, em pleno Pacaembu, 2 a 2, com o atacante Sílvio (meu xará) marcando seu primeiro gol com a camisa do clube, o gol de empate, quando o time perdia por 2 a 1.

Ao sair do Pacaembu, ouvi meu pai dizer, emocionado, vamos ser campeões de novo. Ele usou a expressão ‘de novo’, pois em 1965 (um ano antes do meu nascimento), neste mesmo Pacaembu, assistiu o time sagrar-se campeão e ascender à Primeira Divisão depois de um empate contra o Barretos, também pelo placar de 2 a 2 e em circunstâncias muito parecidas.

A partir deste empate, Bragantino e Corinthians disputaram ponto a ponto a liderança do grupo e, consequentemente, a classificação à final.

A última rodada colocou frente a frente as duas equipes, com o Braga jogando em casa, com o apoio de seu torcedor e pelo empate. E foi o que aconteceu: 0 a 0 ao final dos 90 minutos e o Massa Bruta chegou de forma inédita a final.

No outro grupo, o Novorizontino desbancou o Palmeiras e se consolidou como finalista.

A chamada ‘final caipira’, teve seu primeiro jogo disputado em Novo Horizonte, numa quarta-feira, 22 de agosto, e lá estive depois de uma longa viagem, cerca de 5h30 de ônibus, em uma grande caravana.

Foram cerca de 100 ônibus, todos cedidos gratuitamente pela diretoria do clube, em um comboio. Uns mais novos, como o que viajamos (eu, meu pai e meus irmãos Sérgio e Sandro) e outros bem velhos, por sinal. Na Rodovia Washington Luis, na serra entre Rio Claro e São Carlos, os ônibus mais novos e potentes iam ultrapassando os mais velhos e tudo era uma festa só. Teve ônibus que saiu de Bragança as 13h30 e chegou depois das 22 horas no estádio Jorge Ismael De Biasi.

O jogo começou as 21h30 e o time da casa saiu na frente do marcador, com um gol de Edson Pezinho, aos 41 min da primeira etapa. Gil Baiano, cobrando falta, empatou para o Braga, aos 23 da etapa final.

Bom resultado. Mais dois empates, um nos 90 minutos e outro na prorrogação dariam o título ao Bragantino devido a melhor campanha.

Hora da volta para casa. De Novo Horizonte para Bragança. Cheguei por volta das 5h30 da manhã de quinta-feira, 23 de agosto. Nosso ônibus foi um dos primeiros entrar na cidade. Foi um amanhecer diferente, com muita festa e já pensando no jogo da volta no domingo.

Bragança Paulista viveu dias de expectativa pela final. O comércio local, as principais ruas do centro e nos bairros, só se falava da decisão. Bandeirinhas entrelaçadas pelas ruas, bandeiras hasteadas nas janelas das casas, ruas e calçadas pintadas em preto e branco, algo que jamais vivi e presenciei, nem mesmo na final do Brasileirão em 1991.

Chegou o grande dia. Estádio lotado (mais de 15 mil pessoas) e um emocionante espetáculo proporcionado pelas duas equipes. Novamente o Novorizontino saiu na frente. O zagueiro Fernando marcou de cabeça, depois de uma cobrança de escanteio, aos 21 min da etapa final.

Foram momentos de tensão e apreensão. Será que vamos perder o título em casa? Mas bastaram cinco minutos e Tiba empatou. Gol chorado, a bola bate na trave antes de entrar. Como tudo na história do Bragantino, sempre com muito suor, luta e emoção.

Chegou à prorrogação e um lance que poucos viram. O goleiro Marcelo faz uma defesa e o lateral Biro Biro o abraça e coloca as mãos sobre a bola. O árbitro José Aparecido de Oliveira não vê e o goleiro trata de empurrar Biro Biro para longe dele.

Já imaginaram um pênalti naquela altura do campeonato? Segundo tempo da prorrogação. Seria o fim.

Veio o apito final, festa imensurável, gramado invadido, jogadores carregados (alguns ficaram só de cueca, pois os torcedores arrancaram camisa, calção, meia e chuteiras).

Confesso, jamais poderia imaginar tamanha conquista. Ainda hoje, me emociono de lembrar. A festa que começou no estádio, tomou as ruas da cidade, as praças José Bonifácio e Raul Leme (Centro), Chico Major (Lavapés), foram invadidas por milhares de torcedores. Ainda no estádio, nas cabines de imprensa, assisti a festa no campo, que parecia não ter fim, a transmissão estava no ar, pela Radio Bragança AM. Levar para o torcedor que não estava no estádio a descrição do que acontecia naquele momento parecia ser inenarrável.

Trio elétrico, carros de som, baterias das escolas de samba e o principal, sem bagunça, sem brigas ou confusões. A família bragantina comemorava nas ruas da cidade a inédita conquista. Parece que foi ontem. E foi mesmo, há 30 anos (agora 31). Um ontem que não parece tão distante assim.

Hoje vejo outros torcedores, como meus filhos, vibrando com o atual momento, com o título da Série B do Brasileiro do ano passado, com as ‘canetas’ do Claudinho e com o futuro promissor que, ao que tudo indica, o clube virá a ter. A história junta-se a atualidade e quem ganha são os que viveram, os que vivem e os que viverão a paixão pelo Bragantino.

Bragança Paulista é sim a ‘Capital Caipira’ do futebol e a história do Bragantino está registrada e gravada em suas inéditas e incomparáveis conquistas.

Comentários

Wilson Faustino disse…
Foi um momento inesquecível, estava atrás do gol no Bato much
,foi um momento histórico pra nós Bragantinos de coração.
Wilson Faustino disse…
Momento histórico pra nós Bragantinos
Me lembro como se fosse hoje.

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